Amarração amorosa, roupas e procedimentos estéticos: Justiça do DF condena ex-gerente por desviar R$ 29 mil de lar de idosos

  • 29/10/2025
(Foto: Reprodução)
Priscila dos Santos Zampier foi condenada por desviar dinheiro da instituição "Casa do Vovô", em Vicente Pires. Arquivo Pessoal A Justiça do Distrito Federal condenou a ex-gerente administrativa de um lar de idosos, em Vicente Pires, por furtar dinheiro da instituição para uso pessoal. De acordo com o Ministério Público, Priscila dos Santos Zampier usou as contas da "Casa do Vovô" para: comprar roupas; pagar serviços de advogados; fazer procedimentos estéticos, como preenchimento facial; e até contratar “trabalhos espirituais” com um pai de santo, que, segundo o processo, incluíam uma "amarração amorosa" (saiba mais abaixo). ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Segundo o processo, os desvios ocorreram entre maio de 2022 e outubro de 2023, quando Priscilla ocupava o cargo e tinha acesso total às contas e senhas bancárias do lar de idosos. Veja os vídeos que estão em alta no g1 A denúncia do Ministério Público do DF apontou que Priscilla cometeu 78 furtos, mas a Justiça reconheceu apenas 18, por falta de provas nos outros casos citados. O juiz Gilmar Rodrigues da Silva condenou a mulher a 3 anos e 4 meses de reclusão, a serem cumpridos em regime inicial aberto, além de multa. Ela pode recorrer em liberdade. Priscila também terá que ressarcir R$ 29.070 à Casa do Vovô, equivalentes à soma dos desvios — o valor ainda passará por correção monetária a partir de cada "episódio". Em nota, a defesa de Priscilla disse ao g1 que a ex-gerente foi vítima de "uma sequência de perseguições e arbitrariedades" após uma ação trabalhista. Também afirmou que a condenação foi baseada em "provas ilegais ". Amarração amorosa 💘 Print de conversa entre ex-gerente de lar de idosos e pai de santo. Arquivo Pessoal Entre as despesas descobertas pela investigação, o Ministério Público identificou que parte do dinheiro desviado da Casa do Vovô foi usada para pagar um pai de santo por um “trabalho espiritual”. Em depoimento, o pai de santo contou que a mulher o procurou para fazer uma "amarração amorosa" — um ritual para unir um casal. Em uma das conversas, por WhatsApp, Priscilla manda o nome completo de batismo dela e do rapaz envolvido, e também uma foto dela (veja o print acima). O pai de santo confirmou que Priscilla afirmou que iria pagar uma parte do serviço pela conta pessoal e a outra, pela "conta da empresa dela". As transações totalizaram R$ 11.300,00, todas feitas pela conta da instituição, segundo o processo. Procedimentos estéticos 💉 Em conversa, Priscilla se queixa de inchaço após preenchimento. Arquivo Pessoal Ainda segundo a Justiça, uma clínica de estética particular recebeu R$ 9.700 da "Casa do Vovô", a favor de Priscilla. Em depoimento à Polícia Civil, a responsável pela clínica disse que Priscilla fez procedimentos estéticos, como um preenchimento de olheiras e bioestimulador de colágeno. Um print anexado ao processo mostra que a ex-gerente procurou a clínica após o preenchimento ao apresentar um inchaço nos olhos (veja acima). Além disso, a investigação encontrou outra transferência de R$ 1.600, feita para pagar procedimentos como microagulhamento, fios de PDO e ácido hialurônico em outra clínica. O que diz a defesa *O g1 optou por não retirar o nome de pessoas citadas na nota, já que não há denúncias formais contra elas na Justiça. "A defesa de Priscilla dos Santos Zampier vem a público reafirmar que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LVII, assegura a presunção de inocência, e que Priscilla não é culpada, pois ainda não houve trânsito em julgado de qualquer decisão judicial. A ação penal que hoje destrói sua imagem e sua dignidade teve origem em uma ação trabalhista, na qual Priscilla saiu vitoriosa. Quatro dias antes da audiência una desse processo, foi lavrado um boletim de ocorrência contra ela — fato que marca o início de uma sequência de perseguições e arbitrariedades. Desde o inquérito policial, houve graves irregularidades. O agente [nome do policial], da PCDF, agiu de forma parcial e negligente: • não anexou a defesa apresentada por Priscilla ao inquérito; • recusou-se a recolher o celular que ela mesma ofereceu para demonstrar que não havia mantido contato com nenhum dos envolvidos; • negou o encaminhamento ao IML, mesmo quando ela pediu para provar que nunca realizou qualquer procedimento estético. Quando questionado em audiência sobre tais omissões, o próprio policial respondeu que não realizou as diligências “porque sairiam caro” — tudo registrado em vídeo no processo. As arbitrariedades transcenderam a fase policial e alcançaram o Judiciário. O juízo de Águas Claras negou duas vezes o pedido da defesa para que os bancos informassem de qual aparelho partiram as transferências bancárias — informação que revelaria o verdadeiro autor das transações. Essa recusa configura cerceamento de defesa e viola o direito constitucional ao contraditório. A sentença condenatória baseou-se em provas ilegais e sem cadeia de custódia, contrariando frontalmente a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), que torna obrigatória a preservação da autenticidade e integridade das provas digitais. O juízo foi alertado diversas vezes, mas optou por ignorar a lei. A perseguição teve início, ao que tudo indica, com a advogada [nome da advogada], parte do processo trabalhista. Foi ela quem apresentou uma foto retirada de rede social de Priscilla em frente a um carro e afirmou falsamente que o veículo havia sido comprado com “dinheiro desviado”. Nenhuma prova disso jamais foi apresentada. Posteriormente, a mesma advogada, agora como testemunha no processo criminal, voltou a mentir em juízo, afirmando ter sido ameaçada, sem qualquer comprovação, mesmo após ser intimada a provar o que disse. E temos a quase certeza que esta senhora [nome da advogada] foi quem vazou este caso à imprensa, para favorecer a empresa casa do vovo e prejudicar Priscilla mortalmente, já que eles não conseguiram o seu maior intento, qual seria, a prisão de Priscilla. As próprias donas das clínicas estéticas declararam não conhecer Priscilla, e nenhuma delas apresentou notas fiscais dos supostos procedimentos — convenientemente. Da mesma forma, as testemunhas ligadas aos autores — pais de santo da mesma religião — apresentaram comportamento contraditório: • um deles sequer compareceu à audiência, justificando-se de forma conveniente ao dizer que havia “perdido o telefone”; • o outro compareceu, mas não conseguiu reconhecer Priscilla, e prometeu apresentar as supostas transferências que teria recebido dela — o que nunca fez. Mesmo diante dessa omissão grave, o juízo nada determinou, minimizando a importância da prova faltante, fato que está claramente registrado nos embargos de declaração apresentados pela defesa. Tudo, absolutamente tudo neste processo, parece conveniente para a acusação e injusto para a defesa. Todos esses elementos — documentados nos autos — demonstram que Priscilla foi condenada sem provas legítimas, por um sistema que falhou em todos os níveis: polícia, Ministério Público e Judiciário. Agora, além da injustiça judicial, Priscilla sofre linchamento público, alimentado por matérias mentirosas e sensacionalistas, iniciadas pelo Portal Metrópoles, ampliadas pela Rádio JK — onde foi xingada de “vagabunda” ao vivo. Priscilla perdeu seu emprego, após aparecer na mídia, e enfrenta graves abalos emocionais e financeiros. Pergunta-se: como vai se sustentar? Se fosse a criminosa que querem pintar, talvez tivesse reservas do suposto furto — mas até isso é falso, pois nunca houve qualquer prova de proveito próprio, e todos os valores apontados beneficiaram terceiros. Este é, talvez, o primeiro caso de alguém condenada por um crime sem benefício próprio. Pedimos, portanto, que a imprensa — especialmente a Rede Globo — traga as verdades sobre o impacto devastador dos erros judiciários e volte seus olhos para as falhas do sistema, para os erros policiais e judiciais, e não para a destruição pública de uma mulher inocente. Casos como o de Priscilla nos fazem lembrar o jovem injustamente preso por 15 anos pelo crime da 113 Sul, absolvido apenas após anos de sofrimento — um símbolo de como o erro judicial corrói vidas. Como bem disse o ministro Edson Fachin, em sua primeira sessão no CNJ: “Juízes erram — e devem ser responsabilizados.” E como já pacificou o STJ, “prova digital sem perícia é nula, e cadeia de custódia não é opcional.” Por fim, Priscilla não está fugindo da Justiça — está lutando por ela. A defesa informa que levará o caso aos organismos internacionais de proteção dos direitos humanos e das mulheres, e, se necessário, ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), para que as graves violações e omissões sejam apuradas e reparadas." LEIA TAMBÉM: SANTA MARIA: homem esfaqueia mulher, a acompanha até o hospital e alega que ela caiu em garrafa quebrada ENEM 2025: inscrições para aulão em Brasília terminam nesta terça Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

FONTE: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/10/29/amarracao-amorosa-roupas-e-procedimentos-esteticos-justica-do-df-condena-ex-gerente-por-desviar-r-29-mil-de-lar-de-idosos.ghtml


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